sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O deserto e o oásis

Não sei – alguém sabe? – se o Sporting tem capacidade, financeira e desportiva, para manter nas suas fileiras um jogador como Rui Patrício, a jóia da coroa sportinguista, mas parece-me acertada a vontade expressa do presidente leonino querer segurar o seu guarda-redes. Para o comum dos adeptos e simpatizantes do clube de Alvalade, o jogador é uma das poucas referências que restam na equipa, um dos poucos nomes capazes de atrair espetadores ao estádio, um dos poucos a poder transmitir a mística leonina (seja lá o que isso for) ao restante plantel, um dos poucos a não deixar os jovens sócios indiferentes.

Penso que a maior parte dos sócios e simpatizantes adopta as cores de determinado clube influenciado por aquilo que a equipa – no seu todo – faz e por o que fazem as suas maiores individualidades. No caso do Sporting, quantas pessoas não passaram a gostar do clube pelas vitórias de Alfredo Trindade no Ciclismo? Quantos sócios não valeu cada um dos Cinco Violinos? Que peso tiveram, Carvalho, Joaquim Agostinho (este também no Ciclismo, obviamente), Damas, Manuel Fernandes e Jordão? E, depois deles, Jardel, Acosta, João Pinto? Colocar a(s) pergunta(s), é responder-lhe(s). Ter uma equipa ganhadora ajuda, mas, mais do que isso, a identificação que podemos criar com determinada figura é que nos faz simpatizar com este ou aquele clube.

No Sporting, acredito que principalmente por razões económicas e financeiras, não tem sido possível manter por muitos anos jogadores que se afirmem com um mínimo de qualidade – essa também é imprescindível – e que se tornem símbolos do clube. João Moutinho foi-o durante algum tempo, mas depois da sua saída, ficou o deserto, com apenas um oásis: Rui Patrício.

Mesmo não sendo eu sportinguista, tenho poucas dúvidas relativamente a uma coisa: muito do futuro do Sporting, clube tão ameaçado nos últimos tempos, joga-se com Rui Patrício. Se sair por um valor condizente com o seu estatuto de titular da Seleção de Portugal, o Sporting faz um bom negócio e alivia a tensão da corda que lhe aperta a garganta. Se não conseguir esse negócio, deve manter o jogador por tudo quanto ele representa em termos de valor desportivo e (chamemos-lhe) cultural para o clube. 

Por isso, Bruno de Carvalho faz bem em resistir às ofertas, muito baixas, para vender ao desbarato o seu melhor ativo.

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