sábado, 6 de abril de 2013

Conflito de interesses

A poucas horas do Sporting-Moreirense, permanecem as dúvidas que tenho quanto ao papel que Augusto Inácio irá desempenhar no jogo. O embate é crucial para qualquer das equipas. Por um lado, os leões precisam dos três pontos para manter as suas esperanças de alcançar os lugares europeus; os cónegos, por outro lado, precisam de pontuar para sair da desconfortável posição em que se encontram.

É inegável o bom trabalho que Inácio tem feito no Moreirense. Com a sua chegada, a equipa amealhou 11 pontos em oito jogos e abandonou as posições de descida. Contudo, à luz do que tem acontecido nas últimas semanas, não consigo deixar de por em causa o seu profissionalismo. Senti-me “desconfortável” ao vê-lo em Alvalade, pronto a votar para a presidência do Sporting. Augusto Inácio deslocou-se a Lisboa enquanto sócio do Sporting, é verdade, mas o facto de treinar, simultaneamente, outro clube (da mesma divisão) enquanto vota para a presidência dos leões é, no mínimo, estranho.

Tudo isto seria perfeitamente ultrapassável, não fosse Bruno de Carvalho, novo presidente leonino, ter escolhido Inácio como “homem-forte” para o futebol do Sporting, posto que passará a desempenhar a partir da próxima época. Estou convencido de que embora oficialmente isso seja verdade, oficiosamente não o é. Desengane-se quem pensa que o ainda treinador do Moreirense não tem voto na matéria quanto ao que se passa actualmente em Alvalade. Inácio tem dado entrevistas, comentado transferências e situações que só aos leões dizem respeito, tudo isto enquanto desempenha funções em Moreira de Cónegos.

No lugar de Bruno de Carvalho, e partindo do princípio que Augusto Inácio é o homem certo para o cargo, havia apenas uma de duas coisa a fazer: contratar Inácio, desde que este se demita do cargo de treinador do Moreirense ou, na pior das hipóteses, anunciar a sua decisão no final da época. Que seriedade tem o Sporting e a sua direcção quando o seu director desportivo treina outra equipa? A situação em Moreira de Cónegos é semelhante, apesar de mais delicada. Os bons resultados obtidos recentemente colocam o presidente Vítor Magalhães numa posição difícil, já que não se pode dar ao luxo de fazer trocas na fórmula vencedora que Inácio descobriu.

Esclarecidas as posições de Bruno de Carvalho e de Vítor Magalhães, é Augusto Inácio quem fica mal na fotografia. O seu profissionalismo fica em causa, bem como o seu discernimento. Que papel irá então desempenhar no jogo? Que dirá aos seus jogadores na palestra antes do jogo? Irá ser o vilão, ao “roubar” pontos ao futuro clube e patrão, ou “fazer o jeito” ao perder o jogo? De qualquer das formas, não se livrará deste tipo comentários e suspeitas, que podem vir tanto de um lado como do outro.

2 comentários:

  1. Sinceramente tenho uma boa ideia do Inácio e não ponho em causa a seriedade e profissionalismo dele, mas é evidente que ele pôs-se a jeito para que as pessoas falem. Depois, com um golo em tempo de desconto, as pessoas ainda podem falar mais.

    No Record de hoje, o insuspeito sportinguista Jorge Gabriel diz que "ainda bem para o Augusto Inácio que o Moreirense perdeu". Não alcanço o que ele pretende dizer com isto, mas sempre dá que falar

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    1. Caro Anónimo,

      Obrigado pelo seu comentário.

      Eu também acredito no profissionalismo e na idoneidade do Augusto Inácio, acho é que este tipo de situações contribui muito para o clima de suspeição permanente que se vive no Futebol em Portugal.

      Não tinha visto no Record as declarações do Jorge Gabriel. Também não compreendo o que ele queria dizer com o que disse, porque definitivamento, eu acho que seria sempre mau para o Inácio qualquer que fosse o resultado...

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